O glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no Brasil e no mundo. Estima-se que mais de 76 milhões de pessoas sejam afetadas globalmente, número que deve crescer com o envelhecimento da população. No Brasil, o glaucoma acomete cerca de 2% da população acima dos 40 anos, tornando-se um problema
sério de saúde pública, especialmente porque, em muitos casos, é assintomático nas fases iniciais.
Essa doença crônica afeta as células ganglionares da retina, responsáveis por transmitir sinais luminosos ao sistema nervoso central. Esses sinais não só permitem a formação de imagens, como também chegam ao relógio biológico central, que regula
os ritmos circadianos, controlando funções importantes como a produção de melatonina. Manter o ritmo circadiano em equilíbrio é essencial para a saúde e o bem- estar geral do organismo.
Nós do laboratório de Cronobiologia Molecular da Unifesp demonstramos que a neurodegeneração da retina induzida pelo glaucoma também perturba o ciclo circadiano. Em estágios avançados da doença, quando a pressão intraocular está elevada (um dos principais fatores de risco) e ocorre neurodegeneração da retina, há alterações na expressão de genes essenciais ao funcionamento do relógio biológico.
Utilizando uma abordagem ômica em colaboração com pesquisadores da
Universidade de Lubeck, na Alemanha, o estudo identificou quais genes são afetados
pelo glaucoma e avaliou o perfil rítmico de genes e comportamentos, como a atividade
locomotora e a regulação da temperatura corporal. Este trabalho, parte da dissertação
de mestrado da estudante Pietra Barsanele, sugere que o glaucoma impacta não só a
visão, mas também a regulação do relógio biológico central, comprometendo o bem- estar dos pacientes acometidos por essa doença.
O estudo traz uma nova perspectiva sobre os efeitos do glaucoma, revelando que a doença influencia regiões cerebrais envolvidas na regulação dos ritmos circadianos, além dos problemas de visão. Esses achados reforçam a importância de compreender o glaucoma como uma condição que afeta o organismo de maneira ampla.
Quer saber mais, veja o artigo completo em:
https://faseb.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1096/fj.202401105R
